quarta-feira, 9 de julho de 2008

Oh! Fortuna!

Fortuna! Fortuna! Fortuna! Salve!

Dor e desespero
Consagração e glória.
Bem maldito que a todos os entes
que compõem a humanidade, atrai,
com força sedutora de senhora escravisadora,
com golpes de carrasco que aos fracos dilacera
e os deixa pendentes sobre o abismo medonho
que a presença do inconformismo impotente gera.

Oh, Fortuna! Senhora e rainha do mundo!
que a todos põe em sobressalto! Salve!
Eu te quero com o querer mais intenso,
com o sentimento e o desejo mais profundo!
Poderei arrebatar-te, prêmio imenso?
Servirá teu reino aos refrões da pura arte?

Com imperadores e mendigos se reparte
este louro de chamas, que quando presente
queima a cabeça com atribulações,
e a faz arder para obtê-lo, se ausente.
Fortuna que abre caminho e afasta corações,
Fortuna que recompensa esforços e os engana
E enriquece os pobres pela voz da posteridade.

Fortuna! Tal é o poder quede seu ouro emana
Que por ele se remodelam personalidades
e se pagam de viver nas saudades
dos teus braços, do teu colo deleitoso
que sem corpo é um delírio amoroso,
saudade sem tê-la alcançado,
posse sem nunca tê-la abraçado.

A um gesto teu, Fortuna, do esperado chamamento
Fluem para ti, em frenético, deseperado atropelo
uns aos outros, se destruindo pela jornada,
o tolo, o frívolo, o sabio e o gênio;
A feia, a puta, a bela e a pura formosura.
suspeito que até o vento e as estrelas
tão livre um
as outras tão suspensas no mar da eternidade
te cobiçam com forças loucas, redobradas,
e por ti sacrifiquem alturas e liberdade.

Obscecante destino, áspera conquista
que se exibe no elevado monte
tendo um caminho estreito e íngreme
que ver não deixa o horizonte
e ameaça a cada passo e instante
o viajante com profundo abismo.

Lá no alto de luzes resplandesce,
extasia e inquieta toda gente,
a deixa nunca calma, sempre a sofrer,
sempre e sempre a vida eterna descontente
(eterna no seu renovar e e morrer)

Entre o nada do abismo e a luz que o todo
pode comover e mover a caminho estreito
uma legião de homens a buscar teu leito.
Embaixo o vazio negro e medonho,
onde muitos, Fortuna, tua luz precipitou.

Aquele que com fogo te amou
e por ti hoje sozinho e bisonho
vislumbra debaixo o cume que se apartou
Para todo sempre de seu louco sonho.

1993

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