Suponha a existência de imensa floresta
Onde a humanidade é planta rasteira.
As copas das mais altas árvores
Nos sugam a luz sorrateira.
Pois neste universo nem todos recebem
Dos raios solares a justa recompensa.
Há rosas que murcham na falta de luz
E estrume entre luz imensa.
Mas uma voz secreta em todos palpita
E solta as forças, sem alarido,
E todos se põe a crescer
Do galho de espinhos ao ramo florido:
“Vós todos bem sentis a ação secreta
Da natureza em seu governo eterno
E de ínfimas camadas subterrâneas
Da vida o indício à superfície emerge”.
É voz que brada de cima, capta
O ouvido que recebe a mensagem,
É a voz do próprio criador
Que se dirige à sua criadagem.
E quem é este escravo de Deus?
A planta rasteira de pouca luz!
De onde a voz vem, não se sabe,
Talvez de um forte, talvez duma cruz.
Daniel Pettri
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
domingo, 24 de agosto de 2008
WITHMANN
Ah! Withmann, gênio dos gênios
alma das almas do mundo
e do céu,
Tua poesia não precisa
não deve
não pode ser interpretada,
entendida
Pois tua amplitude é tal
que escapa aos domínios da razão,
Uma beleza tal fala por si mesma
Diretamente da coisa dita aos homens.
Tu não comentas as mães
és a própria geração
Tu estás em toda parte
Em todos os reinos e mundos
Crescendo junto as ervas.
Não preciso procurar-te,
Para todo lugar que olho,
Céu, terra e coração
Sinto tua presença viva.
Impossível fugir à tua presença
No âmago de todas as coisas
A tua alma imensa transpira
E para qualquer lugar que vá
Estarás lá à minha espera.
Te encontrarei no fim
E quando nasci te descobri,
E, passo a passo, te redescubro
Não só na borda da estrada
És o próprio caminho
e universo.
Daniel Pettri
alma das almas do mundo
e do céu,
Tua poesia não precisa
não deve
não pode ser interpretada,
entendida
Pois tua amplitude é tal
que escapa aos domínios da razão,
Uma beleza tal fala por si mesma
Diretamente da coisa dita aos homens.
Tu não comentas as mães
és a própria geração
Tu estás em toda parte
Em todos os reinos e mundos
Crescendo junto as ervas.
Não preciso procurar-te,
Para todo lugar que olho,
Céu, terra e coração
Sinto tua presença viva.
Impossível fugir à tua presença
No âmago de todas as coisas
A tua alma imensa transpira
E para qualquer lugar que vá
Estarás lá à minha espera.
Te encontrarei no fim
E quando nasci te descobri,
E, passo a passo, te redescubro
Não só na borda da estrada
És o próprio caminho
e universo.
Daniel Pettri
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
ORGULHO
Orgulho delicioso, eu me esborro
Em ti me lambuso fartamente
O meu legado ao imutável doo
O meu presente ao cheio vôo
De não mudar jamais.
Enche,tarde, a enseada de paz,
Onde repousa, meiga, a natureza.
Mas só para mim eu olho!
Cúmulo do pouco e da avareza!
Voam as aves, às auras mansas
Entregam as asas, despreocupadas;
Eu fico preso ao chão que me retém, forçoso
De abraçar o céu e as alamedas.
Os ecos pela distância oca voam
E retribuo a esta saudação sonora
Um "bem dito" vago e pouco
Que julgo ouvir-se clamoroso.
Assim eu falo, pois tomei ciência
Do pouco que sou, sendo muito,
Em gesto de mesquinha benevolência.
Não há quem negue à flor grandiosidade
Porque conquista todos os seres,
Ao gracioso riacho transparência,
À humildade excelência,
Ao coração e à fé imensidade.
A estes muitos me julgo aumentado!
A estes poucos- infinitos que não se aumentam
Porque me fecho delirando
E assim, os mundos - poucos afugento!
Daniel Pettri
Em ti me lambuso fartamente
O meu legado ao imutável doo
O meu presente ao cheio vôo
De não mudar jamais.
Enche,tarde, a enseada de paz,
Onde repousa, meiga, a natureza.
Mas só para mim eu olho!
Cúmulo do pouco e da avareza!
Voam as aves, às auras mansas
Entregam as asas, despreocupadas;
Eu fico preso ao chão que me retém, forçoso
De abraçar o céu e as alamedas.
Os ecos pela distância oca voam
E retribuo a esta saudação sonora
Um "bem dito" vago e pouco
Que julgo ouvir-se clamoroso.
Assim eu falo, pois tomei ciência
Do pouco que sou, sendo muito,
Em gesto de mesquinha benevolência.
Não há quem negue à flor grandiosidade
Porque conquista todos os seres,
Ao gracioso riacho transparência,
À humildade excelência,
Ao coração e à fé imensidade.
A estes muitos me julgo aumentado!
A estes poucos- infinitos que não se aumentam
Porque me fecho delirando
E assim, os mundos - poucos afugento!
Daniel Pettri
domingo, 17 de agosto de 2008
O TEMPO DOS AMANTES
O Tempo revoa, meus instantes morrem
A juventuda passa nas balsas da tarde,
E um velho acalanto em meu peito borda
Tristezas de outono, onde a primavera arde.
Navega, oh! balsa dos meus anos,
Vai pelas sendas do tempo sentida,
E busca nas cismas um lago de aromas,
E busca nos lábios um lago de vida.
Por quê foges, oh! tempo de alvorada?
Quando a hora e a luz se fazem mais risonhas!
Por quê partes assim em debandada
Tardes de amor, onde tristeza, sonhas?
A manhã dos meus anos é formosa e cara,
O olhar canta uma juventude em cada fronte
Quando vê passarem, lírios do infinito
As moças que em si resumem flórido horizonte.
A ternura dos meus lábios é só arminhos,
O frescor dos meus gestos é só louros,
Deixa eu coroar a tua fronte com meus beijos
E vestir o dia de teus cabelos douros.
Mas tudo passa... teus dias de menina
São uma tarde que fez-se moça
Ao murmur dos teus carinhos nesta boca
Nenhum dia falecido já remoça.
O tempo, esse falcão ousado
Rouba-nos tudo, juventude! amor! anelos!
Descerra sobre mim o cortinado
Da tenda oriental dos teus cabelos!
Que o tempo passe mas não custe a vida,
Que o dia morra mas não reine a treva,
Quero ficar contigo entre suspiros
Antes que os lírios morram porque neva.
Daniel Pettri
A juventuda passa nas balsas da tarde,
E um velho acalanto em meu peito borda
Tristezas de outono, onde a primavera arde.
Navega, oh! balsa dos meus anos,
Vai pelas sendas do tempo sentida,
E busca nas cismas um lago de aromas,
E busca nos lábios um lago de vida.
Por quê foges, oh! tempo de alvorada?
Quando a hora e a luz se fazem mais risonhas!
Por quê partes assim em debandada
Tardes de amor, onde tristeza, sonhas?
A manhã dos meus anos é formosa e cara,
O olhar canta uma juventude em cada fronte
Quando vê passarem, lírios do infinito
As moças que em si resumem flórido horizonte.
A ternura dos meus lábios é só arminhos,
O frescor dos meus gestos é só louros,
Deixa eu coroar a tua fronte com meus beijos
E vestir o dia de teus cabelos douros.
Mas tudo passa... teus dias de menina
São uma tarde que fez-se moça
Ao murmur dos teus carinhos nesta boca
Nenhum dia falecido já remoça.
O tempo, esse falcão ousado
Rouba-nos tudo, juventude! amor! anelos!
Descerra sobre mim o cortinado
Da tenda oriental dos teus cabelos!
Que o tempo passe mas não custe a vida,
Que o dia morra mas não reine a treva,
Quero ficar contigo entre suspiros
Antes que os lírios morram porque neva.
Daniel Pettri
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