Estais novamente aí, fagueiras sombras
Enchendo o espaço com o vosso vazio?
Ou és tu, corrompida visão, que assombras
De tola e soturna embriaguês e cio?
Perdidas estais da vossa morada
Nas terras do hades submerso
Ou vens deixar esta vida apavorada
Com vosso gesto solene ou travesso?
Quem pode o vosso nada julgar
Livre de paixões e de aprêço
Se todos sentimos a vós ameaçar
O nosso fim ou o nosso começo?
Estais aí novamente, sombras fagueiras
Falsas talvez, verdade ou mito?
Não sois as primeiras e nem derradeiras
Que às outras se somam no infinito.
Dos mundos de fora e da interioridade
Vossa múltipla face nos censura
A palavra que sai de novidade
E nenhuma expressão se nos afigura!
Tremendo espanto em pouca verdade,
Estais sempre e sempre aí, sombras felinas
Até nas horas de maior claridade!
Negras no efeito, e no final... divinas!
1993
sexta-feira, 6 de junho de 2008
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