quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sonata em 4 Poemas

Sonata em 4 poemas

Poema I- Loucura!

Loucura, ah! Loucura!
Que beira as vagas do infinito!
Praia amorfa que abrigas
O meu coração tristonho e aflito!

Diz-me tu, calada amiga,
Porque ao pesar dou tal valor
Me absorvendo só em vis intrigas?

Tu és anjo e sagaz demônio!
Céu é a paz que te cerca.
Inferno, sou eu que te acompanho.

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Poema II

Insano Gemido

No sono que a dor conforta
Solto um insano gemido
Que se perde pelas trevas
Sem encontrar ouvido.

O conteúdo dessa dor
É um fruto de amor,
Um canto desvairado,
Uma canção perdida,
É falta de amores,
É falta de amigos.

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Poema III

Os olhos gracejantes

Mirei os teus olhos num gracejo
Ingênuo e brincalhão
Dos olhos passei ao beijo
Da zombaria à escravidâo.

Toma cuidado, rapaz, com os olhos de mulher.
Da menina, da donzela, ou como a chamares,
Pois é assim que o homem perde a visão
Na sedução de dois olhares

Ao resto do corpo te atira com fúria,
Devora, apalpa, te inflama,
Aí habita a casa da luxúria,
Nos olhos, a morada é de quem ama.

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Poema IV

Boca Infinita


Seus lábios parecem uma enseada
Onde repousam, mansas,
As pombas-almas dos homens.

Vermelhos, transbordam vida,
Com graça e descontração,
Tão leves, duas estrelas
Pairando no céu,
Que se desdobram do infinito
E vêm tocar os lábios meus!


1992

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