Sonata em 4 poemas
Poema I- Loucura!
Loucura, ah! Loucura!
Que beira as vagas do infinito!
Praia amorfa que abrigas
O meu coração tristonho e aflito!
Diz-me tu, calada amiga,
Porque ao pesar dou tal valor
Me absorvendo só em vis intrigas?
Tu és anjo e sagaz demônio!
Céu é a paz que te cerca.
Inferno, sou eu que te acompanho.
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Poema II
Insano Gemido
No sono que a dor conforta
Solto um insano gemido
Que se perde pelas trevas
Sem encontrar ouvido.
O conteúdo dessa dor
É um fruto de amor,
Um canto desvairado,
Uma canção perdida,
É falta de amores,
É falta de amigos.
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Poema III
Os olhos gracejantes
Mirei os teus olhos num gracejo
Ingênuo e brincalhão
Dos olhos passei ao beijo
Da zombaria à escravidâo.
Toma cuidado, rapaz, com os olhos de mulher.
Da menina, da donzela, ou como a chamares,
Pois é assim que o homem perde a visão
Na sedução de dois olhares
Ao resto do corpo te atira com fúria,
Devora, apalpa, te inflama,
Aí habita a casa da luxúria,
Nos olhos, a morada é de quem ama.
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Poema IV
Boca Infinita
Seus lábios parecem uma enseada
Onde repousam, mansas,
As pombas-almas dos homens.
Vermelhos, transbordam vida,
Com graça e descontração,
Tão leves, duas estrelas
Pairando no céu,
Que se desdobram do infinito
E vêm tocar os lábios meus!
1992
quinta-feira, 12 de junho de 2008
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