quarta-feira, 4 de junho de 2008

Noite Schopenhauriana

Cai, noite, profunda e triste,
Cai, noite, medonho manto
Que sobre toda coisa que existe
Espalha sua dor e o seu pranto.

Avisto à distância, no infinito
As estrelas em fulgor cintilante
Enquanto eu deste abismo as fito
Entre pasmo de dor e asco revoltante.

Ora movo os passos à imensidade
Que habita no trabalho e no esforço,
Ora sucumbo à fria insanidade.

De que serve enfim, a vida escura?
Se velho acho o coração tão moço
E tropeçando avanço na amargura?

Não sei se solto a alma já tão gasta
No tétrico idílio de uma morte dura,
Ou se morro buscando o teu remédio,
Poção inútil de uma dor sem cura

Levanta o sol, em flamas ele arde,
Inunda o espaço, o enche de alegria,
Quis eu sugar tais vibrações, não pude,
Tão fraco e gasto nesta noite fria...

1993

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