segunda-feira, 17 de março de 2008

Segredantes Vozes

Voam ao Arno as segredantes vozes
Do amor universal que aos entes dá guarida
Corcéis de luz cujos ímpetos vivazes
São o vinho e o pão no missal da vida.

Ouve-as o poeta em transe inspirado
O amante encontrado... perdido em doudo afã
Raia sobre o mundo, esplendorosa manhã
Lava o erro e o cruel engano perpetrado.

Desde a Ode de Schiller ao olímpico brado
Anseia-te o ideal das seletas almas
Colher louros de amor e douradas palmas
Sobre o instante de revelações constelado.

Fere o mundo presente, é carcere, é degredo
É lamento atroz em meio a turbilhão de treva
O sarcasmo viça porque o egoísmo medra
E morre a flor no desamparo e no degrêdo.

Sucumbem os romantismos ao vozerio carnal
Tantos louvam a vantagem no intestino do mal
Oh, surge! Augusta aurora do sublime ideal
Irmana os lumes! Extasia-nos teu fanal!!!

Contudo segue a matéria, bruta, voraz galope
Sua necessidade é tremenda! Se alteia atroz!
É essa necessidade que eleva e abate
Que cala os djins e dá as pedras voz.

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