quarta-feira, 19 de março de 2008

Vozes do Silêncio

Rosamundo e Isadora conversam com a alma.
Seus olhos traçam painéis de verbos altos
Seus rostos de lirismo calam, contemplando
Fascinados, crianças que descobrem a manhã.
Suas mãos desenham os mais sutis pensamentos
Detalhes do mundo já segredam os dedos
Em cada mínimo gesto mudo soa a lira
O violoncelo do silêncio os espaços já afaga.

Nesse estado de paixão, suspensa em contemplação
O contentamento retira as palavras da pauta
Embebem -se os braços num luar fora de órbita
E com castanholas rumorejam bocas
O doce sussurro alento dos hálitos cúmplices.

Sussurra o vento morno pelos céus propícios
Nascem as folhas das palmeiras amplas
Brotam as ramas nos outeiros apartados
Despontam flores num missal de gentilezas
O sol desce aos mares em seu corcel de fogo
As estrelas se enamoram no colar do firmamento
E, sentinela do amor, a lua mata o tempo,
Se insinua na alcova celeste e muda aguarda.

Vêm os amantes secretos, hinos sem voz,
Dentro do peito as órbitas infinitas,
Paz sideral muda, triunfo de sons enlaça:
Ampla esfera silenciosa, alcova de sangue
Por oceanos requebrados de gemidos.

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