domingo, 6 de abril de 2008

A Sabedoria da Bondade

Os homens não se pertencem; ninguém doma o destino
Esforçado para tal, luta o mais hábil de todos
Em vão, são obscuros os ditados da sorte
Desde o berço estamos marcados: esse nasce
Na abastança, aquele outro na miséria
E no transcurso do tempo casos e acasos
Forjam o mundo de cada um; oh tu
Rico ou pobre, belo ou feio, sê sábio!
Pratica o bem, nunca leses ninguém; hoje
Ou amanhã, vindo do profundo mistério
Chega o dia das lamentações, e se sorris
Deves agradecer: sê bondoso, tem piedade
E sê compassivo: aborta o teu ódio atroz
Deserda a vingança, não leves tão a sério
A ofensa, poupa o velho e a criança, o adulto
Não te julgues tão senhor da dita ao ponto
De seres intocável do revés, não desprezes
O que tem sorte pior; em vão adulas o ouro
Ou és dele o escolhido; a maldade cavalga
A sombra do imperador, o oculto inimigo
Não quer ver ninguém bem, ele exulta em
Fazer o mal, aborrece-o teu sorriso
Ele odeia a tua ventura e labuta
No dano teu – vindo da quimera e do capricho
Escuto retinir no solo o negro corcel da mágoa
Que conduz o espectro do rancor à ação medonha:
Se estes vilões do dolo serão um dia punidos
Após a morte talvez, quem o sabe? Eles forjam
O dano ao culpado e ao inocente, sem distinguir...
Se este te fere; como reconhecer com alegre
Volúpia, aquele que te oferta a amizade ou
Ou o amor, ou o prazer? Como saber da aurora
Do dia desejado!? Quem pode deter a tétrica cavalgada
Do mal, e albergar o bem em sua doce cota?
Qual agraciado pode ser ileso a dor, ou
Qual mendigo não pode ganhar na loteria, ou
Ainda, qual o mortal que sabe do amanhã;
Futuro, denso mistério, portal obscuro!
Mortal, paga-te desde já com tua bondade!!

Um comentário:

Guilherme de Faria disse...

Caríssimo Daniel! Como pode você , jovem ainda, ser tão sábio e tão grande poeta!? Estou pasmo! É um caso para os anais da litertura brasileira.
Parabéns poeta-filósofo!
Guilherme